Desde que as companhias aéreas começaram a cobrar pela bagagem despachada, em junho do ano passado, a medida tem sido alvo de uma avalanche de questionamentos, com os feitos pela Ordem dos Advogados do Brasil e pelo Tribunal de Contas da União. O que foi implantado com o objetivo de beneficiar os consumidores, reduzindo o preço médio das passagens, acabou gerando o efeito contrário e sendo um bom negócio para as empresas: além de incluir os ganhos com a cobrança dos despachos em suas margens de lucro, elas aumentaram os valores cobrados aos passageiros. No primeiro trimestre deste ano, a tarifa média das passagens subiu 7,9% em comparação com o mesmo período do ano passado, para R$ 361,03, a maior cifra desde 2015 para o período.
“Antes, o preço da bagagem era embutido na tarifa e, mesmo quem não tivesse, pagava-se por isso. A ideia foi boa. Fora do Brasil funcionou, mas aqui, de imediato, já vimos que não deu certo. Ao que tudo indica, o preço não reduziu e, até então, não vimos benefícios”, afirma o advogado especialista em direito do consumidor, Rômulo Brasil. O relatório “O Brasil que Voa”, feito pela Secretaria de Aviação Civil em 2014, mostrou que 65% dos passageiros despachavam a bagagem.
A cobrança pelas malas é alvo de uma série de investigações no país. O Tribunal de Contas da União (TCU) abriu, no mês passado, uma auditoria de conformidade para verificar se a cobrança de bagagem reduziu, de fato, o preço das passagens aéreas e trouxe algum benefício ao usuário. Segundo o TCU, o processo ainda não tem deliberações.
Fonte: O Tempo